O FestLuso, Festival de Teatro Lusófono, nasceu em 2008 depois de mais de 10 anos sendo gestado. A proposta é provocar um intercâmbio continuado entre os 8 palcos lusófonos: Brasil, Angola, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau e a recém acolhida região da Espanha, Galícia.
Quando a idéia foi lançada, veio a pergunta: por que algo tão grande em uma cidade deslocada do eixo Rio-São Paulo? Simples. Para deslocar o eixo. E muitos tiveram de engolir a seco os ácidos comentários de que tal iniciativa não daria certo quando, em agosto daquele ano, Teresina se tornava palco mundial da lusofonia. A primeira edição contou com 120 convidados de 7 países falantes da Língua Portguesa. Uma vasta programação polarizada em três teatros: 4 de Setembro, João Paulo II e Estação, além de mostra de rua, oficinas, debates e shows.
No ano seguinte, repetia-se o sucesso e o Piauí conseguia firmar lugar na comunidade lusófona com uma grandiosa segunda edição, a mesma que recebeu a atriz Regina Duarte e lançou o livro “O Morto, Os Vivos e o Peixe-Frito”, do escritor angolano e vencedor do prêmio Jabuti Ondjaki.
O terceiro ano tinha tudo para ser ainda maior: o FestLuso teria a oportunidade de sediar o 2º Encontro Internacional Sobre Políticas de Intercâmbio em parceria com a entidade portuguesa Cena Lusófona. Com a data alterada por conta do período eleitoral, o festival foi agendado para novembro, de 15 a 21.
Porém, a noite desta quinta-feira (11) a quatro dias da abertura do evento, uma notícia desestabilizou a equipe do festival. O governo do Estado do Piauí negou qualquer apoio financeiro para a realização do tal. Diante das argumentações dos coordenadores, o governador reeleito Wilson Martins alegou falta de recursos e disse: “Cancelem o festival”.
Sem a participação do Estado, o FestLuso vê-se obrigado a cancelar 60% de sua programação, incluindo espetáculos locais, nacionais, mostra de teatro de rua e shows, nessa conta uma das atrações mais esperadas desta edição, o músico Jorge Mautner.
A burocracia também impediu que uma emenda proposta pelo deputado federal Osmar Júnior (PCdoB) para o festival fosse conveniada a tempo no Ministério da Cultura. Resultado: menos recursos.
Contando apenas com o patrocínio da Oi e da Funarte, o FestLuso receberá os grupos internacionais e manterá o Encontro Internacional. A coordenação lamenta que tenha que abrir mão da grandiosidade de seu festival por conta da desconsideração do governo. Ainda que a cultura seja muitas vezes minimizada em detrimento de “causas maiores”, esses operários insistem que não querem só comida. Eles querem comida, diversão e arte.
* Extraído do blog do FestLuso.
3 comentários:
E esse WM, sósia do WD, ainda enganou muito incauto, com sua demagogia pré-eleitoral... Aguenta, Fazenda Piauí! Daqui a dois anos de novo eles vão voltar com mais blá e blá e blá e... Vade retro!
Caro bloguista, Leonam, o problema das manifestações culturais, no Piauí, é a ausência de uma gestão competente para tocar os projetos. Já foi do tempo de andar com o pires na mão correndo atrás de apoio de um governo que reduziu a cultura do povo apenas a "tambor de crioula", "bonecos de mamulengos sem norte". O problema aqui é, também, de incompetência administrativa dos coordenadores do Festival.
Airton e Emerson Araújo, vocês, que pacientemente têm acompanhado o meu blog, sabem de minha posição quanto ao patrocínio público para eventos privados: sou contra.
Falta, sim, competência de produtores culturais locais para vender projetos à iniciativa privada – preferem, sempre o caminho fácil da arca pública.
A sacanagem, no caso, é que parece que o Estado se comprometeu a abrir a burra pública para o FestLuso. Afinal, não acredito que os coordenadores do festival tenham procurado o Estado apenas na véspera de seu início.
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