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Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Marinenghi de Guarnieri, filho do maestro Edoardo Guarnieri e da harpista Elsa Martinenghi, nasceu em Milão, Itália. Aportou no Brasil com dois anos de idade - seus pais fugiam do fascismo.
Com treze anos, morando no Rio de Janeiro, escrevia para o jornal da Juventude Comunista. Escreveu a primeira peça teatral, Sombra do passado, quando, ainda morando no Rio de Janeiro, estudava no Santo Antônio Maria Zacharias.
Guarnieri mudou-se, em 1954, para São Paulo. Integrou, como ator, a partir do ano seguinte, o Teatro Paulista do Estudante, grupo amador que se fundiu com o Teatro de Arena em 1956. Ali, nos elencos de Escola de Maridos, de Molière, e Dias Felizes, de Samuel Beckett, sob a direção de José Renato, em 1956; e Ratos e Homens, de John Steinbeck, dirigido por Augusto Boal, em 1957, projetou-se como intérprete e ganhou espaço no grupo. Foi nesse período que ganhou seu primeiro prêmio, como ator, por seu papel na peça Está lá Fora um Inspetor, de J. B. Priestley, além de vencer um dos mais cobiçados prêmios da época, o APCA de revelação de ator no papel de George na mencionada peça Ratos e Homens.
Em 1958 deu-se a sua primeira aparição no cinema em O grande momento, dirigido por Roberto Santos. No mesmo ano, Guarnieri mudou os rumos da dramaturgia brasileira com a obra Eles não usam black-tie, que explorava as relações trabalhistas a partir de uma greve de operários, valendo-lhe, entre outros, o Prêmio Governador do Estado de autor revelação e o Prêmio APCA de ator. Depois do estrondoso sucesso de Eles não usam black-tie, escreveu, entre tantas, Gimba, A semente, Ponto de partida, O Filho do Cão, Marta Saré, Castro Alves pede passagem, Arena conta Zumbi, e Arena conta Tiradentes e Um grito parado no ar, participando como ator em muitas delas.
Guarnieri integrou a geração de atores que ajudou a televisão a dar os seus primeiros passos, seja no Grande Teatro Tupi ou nas primeiras novelas. Na TV, além de escrever vários episódios para casos especiais ou seriados, participou, por exemplo, das novelas O tempo e o vento (1967, na Excelsior); Meu pé de laranja lima (1970, na Tupi; e 1996, na Bandeirantes); Mulheres de areia (1973, na Tupi); Roda de fogo (1978, na Tupi); Jogo da Vida (1981, na Globo); Vereda Tropical (1984, na Globo); Cambalacho (1986, na Globo); Que rei sou eu? (1989, na Globo); Razão de Viver (1996, no SBT); Vidas cruzadas (2000, na Record); e Belíssima (2006, na Globo).
Guarnieri excursionou também pela música: compôs a clássica Upa, Neguinho, com Edu Lobo, e Castro Alves pede passagem, com Toquinho. Foi, também parceiro dos compositores Adoniran Barbosa, Carlos Lyra e Sérgio Ricardo.
Além de O grande momento (1958), Guarnieri atuou, no cinema, em O jogo da vida, baseado no livro Malagueta, Perus e Bacanaço, de João Antônio, autor do roteiro (1976, dirigido por Maurice Capovilla); Gaijin - Os caminhos da liberdade (1980, dirigido por Tizuka Yamasaki); Asa Branca - Um sonho brasileiro (1981, dirigido por Djalma Limongi Batista); Eles não usam black-tie (1981, dirigido por Leon Hirszman); A próxima vítima (1983, dirigido por João Batista de Andrade); Beijo 2348/72 (1990, dirigido por Walter Rogério); O quatrilho, baseado na obra homônima de José Clemente Pozenato (1995, dirigido por Fábio Barreto); e Contos de Lygia (1998, dirigido por Del Rangel).
Guarnieri casou-se, em 1958, com Cecilia Thompson, com quem teve dois filhos: Flávio e Paulo Guarnieri, ambos atores. Com sua companheira dos últimos 35 anos de sua vida, Vanya Sant’Anna, teve mais três filhos: Cláudio e Mariana Guarnieri, que também seguiriam a carreira teatral, e Fernando Henrique. O ator tinha sete netos.
Gianfrancesco Guarnieri, internado desde 2 de junho de 2006, em decorrência de insuficiência renal crônica, morreu no Hospital Sírio-Libanês. O enterro foi realizado no Cemitério Jardim da Serra, em Mairiporã, na Grande São Paulo.
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