Recebi, na postagem Impressões de um leitor: para mim chega!!!, o seguinte comentário:
“Anônimo disse...
Impressões de um autor
Salve, M. de Moura Filho. Gostei de ver. Aplicadíssimo na aferição de informações supérfluas e – muitas vezes – equivocadas também da sua parte. Tipo pretender que todos saibam quando o vinil deixou de existir, pois como "se sabe o surgimento do CD deu-se na década de 1980?”. Quem sabe? Minha filha mesmo, que já nasceu na era do CD não sabia ao certo quando ele, o CD, havia nascido. Muito natural. Equívoco seu considerar desnecessária a informação (aqui você revela uma postura de amador determinado a encontrar defeito no texto).
Você não sabe também que na conceituação literária ‘romantismo’ pode ser considerado até mesmo as incursões de um jovem pela boemia, nas mesas de um bar? Claro que espiar garotas num banheiro pode ser considerado um ato romântico, ou você acha que precisa de uma música ambiente, com violinos, e olhares ternos?. . . (Aqui você demonstrou a profundidade da sua cultura e deveria ter ficado calado sobre este item.)
Não vou nem conferir as datas que você destaca como equívocos do autor, pois muito provavelmente você estará certo em algumas e equivocado em outras.
Mas nenhuma critica conceitual, meu caro? Ainda bem.
Enfim, gostei de ver.
Abç toninho vaz, de Santa Teresa, Rio de Janeiro.”
Como se vê, um anônimo, atribuindo a si a identidade do biógrafo Toninho Vaz, tece a sua impressão sobre postagem de 10 de maio do ano fluente efetivada neste blog. Não creio, sinceramente, que seja o autor do comentário o famoso e festejado biógrafo. Explico:
a) Não acredito que o autor de Pra mim chega: a biografia de Torquato Neto tenha, em sua obra, inserido informações supérfluas, como atribui às destacadas por este leitor e salientado na postagem referida — embora, é verdade, a verborragia esteja também presente quando, na edição que possuo, o biógrafo, por exemplo, assevera que “Algumas vezes, Torquato foi visto na UNE ressonando sobre a mesa de pingue-pongue, tendo ao lado, visivelmente arrumados os sapatos e a escova de dentes. Vem dessa época sua fama de rapaz ‘bem dotado’, quer dizer de sexo com dimensões avantajadas, já que algumas vezes fora flagrado em estado de ereção, enquanto dormia.” Qual é mesmo a relevância de tal fato para a vida e a obra de Torquato Neto? O texto, aliás, contém excesso. Vejamos: “Vem dessa época sua fama de rapaz ‘bem dotado’, (...), já que algumas vezes fora flagrado em estado de ereção, enquanto dormia.” Viu como “quer dizer de sexo com dimensões avantajadas” é absolutamente dispensável?
b) Não pode o autor de uma obra, mormente de não-ficção, tratar o leitor como trata a sua filha, a quem cabe educá-la e informá-la — e aposto que Toninho Vaz educa e informa sua filha, se tiver. Definitivamente, dizer que Pra Dizer Adeus, gravado por Elis Regina em 1966 fora sucesso “ainda em vinil”, quando se sabe que o surgimento do CD deu-se na década de 1980, é impertinente. Não se pode atribuir a esta constatação “uma postura de amador determinado a encontrar defeito no texto”: defeitos no texto eu os encontrei facilmente.
c) A sustentação de que Torquato Neto, ao espiar moçoilas num banheiro, foi romântico, é mais indefensável até do que o texto contido na edição que tenho de Pra mim chega: a biografia de Torquato Neto. Afinal, espiar raparigotas nuas tem conceituação literária voltada ao naturalismo. Mas, convém salientar, a questão não diz respeito às escolas literárias.
Te peguei!!! Aliás, fosse Toninho Vaz quem subscreve o comentário, diria que me equivoco, pois não intitulou de romântico o ato de Torquato Neto espiar mocinhas nuas, mas, sim, o ato de ter sido “delatado por um colega por estar pendurado no cano de calha, espiando o toalete das garotas”, o que, convenhamos, não é também romântico.
d) Seria sobretudo comprometedor ao biógrafo, a ponto de afugentar editores, que desprezasse a conferências de datas manejadas — o biógrafo deveria, e não eu, um pobre leitor, checar fontes e, se necessário, utilizar-se de máquina de calcular.
e) Crítica conceitual? O que dizer? Que a biografia de Torquato Neto foi tecida como nunca antes algum biógrafo dissecara um biografado? Que a obra é de vanguarda? Ora, não exija tanto deste leitor.
Abraço, M. de Moura Filho, da Baixa da Égua, Teresina, Piauí.
“Anônimo disse...
Impressões de um autor
Salve, M. de Moura Filho. Gostei de ver. Aplicadíssimo na aferição de informações supérfluas e – muitas vezes – equivocadas também da sua parte. Tipo pretender que todos saibam quando o vinil deixou de existir, pois como "se sabe o surgimento do CD deu-se na década de 1980?”. Quem sabe? Minha filha mesmo, que já nasceu na era do CD não sabia ao certo quando ele, o CD, havia nascido. Muito natural. Equívoco seu considerar desnecessária a informação (aqui você revela uma postura de amador determinado a encontrar defeito no texto).
Você não sabe também que na conceituação literária ‘romantismo’ pode ser considerado até mesmo as incursões de um jovem pela boemia, nas mesas de um bar? Claro que espiar garotas num banheiro pode ser considerado um ato romântico, ou você acha que precisa de uma música ambiente, com violinos, e olhares ternos?. . . (Aqui você demonstrou a profundidade da sua cultura e deveria ter ficado calado sobre este item.)
Não vou nem conferir as datas que você destaca como equívocos do autor, pois muito provavelmente você estará certo em algumas e equivocado em outras.
Mas nenhuma critica conceitual, meu caro? Ainda bem.
Enfim, gostei de ver.
Abç toninho vaz, de Santa Teresa, Rio de Janeiro.”
Como se vê, um anônimo, atribuindo a si a identidade do biógrafo Toninho Vaz, tece a sua impressão sobre postagem de 10 de maio do ano fluente efetivada neste blog. Não creio, sinceramente, que seja o autor do comentário o famoso e festejado biógrafo. Explico:
a) Não acredito que o autor de Pra mim chega: a biografia de Torquato Neto tenha, em sua obra, inserido informações supérfluas, como atribui às destacadas por este leitor e salientado na postagem referida — embora, é verdade, a verborragia esteja também presente quando, na edição que possuo, o biógrafo, por exemplo, assevera que “Algumas vezes, Torquato foi visto na UNE ressonando sobre a mesa de pingue-pongue, tendo ao lado, visivelmente arrumados os sapatos e a escova de dentes. Vem dessa época sua fama de rapaz ‘bem dotado’, quer dizer de sexo com dimensões avantajadas, já que algumas vezes fora flagrado em estado de ereção, enquanto dormia.” Qual é mesmo a relevância de tal fato para a vida e a obra de Torquato Neto? O texto, aliás, contém excesso. Vejamos: “Vem dessa época sua fama de rapaz ‘bem dotado’, (...), já que algumas vezes fora flagrado em estado de ereção, enquanto dormia.” Viu como “quer dizer de sexo com dimensões avantajadas” é absolutamente dispensável?
b) Não pode o autor de uma obra, mormente de não-ficção, tratar o leitor como trata a sua filha, a quem cabe educá-la e informá-la — e aposto que Toninho Vaz educa e informa sua filha, se tiver. Definitivamente, dizer que Pra Dizer Adeus, gravado por Elis Regina em 1966 fora sucesso “ainda em vinil”, quando se sabe que o surgimento do CD deu-se na década de 1980, é impertinente. Não se pode atribuir a esta constatação “uma postura de amador determinado a encontrar defeito no texto”: defeitos no texto eu os encontrei facilmente.
c) A sustentação de que Torquato Neto, ao espiar moçoilas num banheiro, foi romântico, é mais indefensável até do que o texto contido na edição que tenho de Pra mim chega: a biografia de Torquato Neto. Afinal, espiar raparigotas nuas tem conceituação literária voltada ao naturalismo. Mas, convém salientar, a questão não diz respeito às escolas literárias.
Te peguei!!! Aliás, fosse Toninho Vaz quem subscreve o comentário, diria que me equivoco, pois não intitulou de romântico o ato de Torquato Neto espiar mocinhas nuas, mas, sim, o ato de ter sido “delatado por um colega por estar pendurado no cano de calha, espiando o toalete das garotas”, o que, convenhamos, não é também romântico.
d) Seria sobretudo comprometedor ao biógrafo, a ponto de afugentar editores, que desprezasse a conferências de datas manejadas — o biógrafo deveria, e não eu, um pobre leitor, checar fontes e, se necessário, utilizar-se de máquina de calcular.
e) Crítica conceitual? O que dizer? Que a biografia de Torquato Neto foi tecida como nunca antes algum biógrafo dissecara um biografado? Que a obra é de vanguarda? Ora, não exija tanto deste leitor.
Abraço, M. de Moura Filho, da Baixa da Égua, Teresina, Piauí.
P.S.: Definitivamente, pra mim chega!!! Não discutirei mais acerca da biografia de Torquato Neto, por Toninho Vaz. Até porque não mais possuirei o exemplar. Porque não me interessa mantê-lo entre os meus livros, quis destiná-lo a um dos caminhões da Qualix, mas encontrei uma melhor solução: vou doá-lo à filha de uma amiga, propondo pagar-lhe R$ 1,00 por erros de divisões silábicas que encontrar, como uma forma de incentivá-la a aprender lição tão básica de gramática. Considerem uma espécie de bolsa-escola. Aposto que encontrará erros, que, insisto, não atribuo ao festejado biógrafo.
Finalmente, embora não seja minha filha, alertarei sobre os equívocos que encontrei na leitura de Pra mim chega: a biografia de Torquato Neto. Sei lá se verá propriedade na menção de que, em 1966, Elis Regina gravou Pra Dizer Adeus, ainda em vinil. Afinal, a juventude de hoje tem sido tão descuidada!!!
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