CADÊ?

fevereiro 28, 2009

Danilo Damásio: personalidade da semana

 Foto: Fábio Carvalho
 O senhor Danilo Damásio é, para mim, surpreendente. Primeiro, como cronista, aqui anunciada na postagem Impressões de um leitor: o encomendador de almas. Agora, nesta semana, como empresário, em defesa de cifra considerável para o grupo econômico das empresas da família, formulou denúncia, em audiência pública, em face de inspeção do Judiciário, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça. Eis matéria do Portal 180 Graus:
O empresário Danilo Damásio, dono do Metropolitan Hotel, dentre outras empresas piauienses, foi um dos denunciantes inscritos na audiência pública de Inspeção do Judiciário realizada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Ele apresentou denúncia contra o vice-presidente do Tribunal de Justiça do Piauí, desembargador José de Ribamar Oliveira, na manhã desta quinta-feira, dia 26, na audiência para apurar possíveis irregularidades praticadas pelo Judiciário piauiense.
Danilo Damásio disse que o desembargador Oliveira praticou crime de prevaricação e ressaltou que a denúncia também foi apresentada ao presidente do TJ-PI (Tribunal de Justiça dp Piauí), desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar. Seria tráfico de influência.
Relatou que o seu pai, empresário Rufino Damásio, ingressou com ação na Justiça para cobrar uma dívida de R$ 1,2 milhão em desfavor da empresa Hotel Rio Poty S. A. A dívida hoje é de R$ 3,5 milhões. "Depois de sete anos, três meses e 23 dias, ainda hoje não conseguimos receber o que é nosso. Esta ação já transitou em julgado no Supremo Tribunal Federal, mas não chega ao seu fim porque este desembargador Oliveira tem forte ação no sentido de criar obstáculos".
Segundo Damásio, no dia marcado para o leilão do bem garantidor da dívida, o citado desembargador concedeu liminar de suspensão do leilão ‘com base em recurso pendente em outro processo que nada tinha a ver com este em questão.’ O empresário afirmou que, ciente da decisão, foi feita uma carta de fiança bancária no valor de R$ 17 milhões para servir de caução e ingressou com uma ação de reconsideração.
Danilo Damásio disse que o desembargador José de Ribamar Oliveira tem fama de atender a interesses outros que não sejam os da Justiça. E falou que procurou o secretário de Segurança, Robert Rios, para tentar intermediar uma solução. Rios conversou com o desembargador, voltou e disse que Damásio não encontraria solução para o caso ‘porque o magistrado estaria a serviço do também empresário Jesus Elias Tajra.’
Damásio procurou os filhos do desembargador, Ciro e Bruno, que são advogados. Ciro teria cobrado valores de R$ 10 mil em duas parcelas e três anos de contrato numa de suas empresas para reverter a decisão. ‘Como eu não topei, a situação não foi revertida.’ Os dois teriam forte atuação no Tribunal. O empresário disse que não teme represália por conta da denúncia.
A dívida foi originada de uma tentativa de sociedade não consumada. O grupo do Rio Poty Hotel S.A. fez três promissórias no valor de R$ 400 mil e não pagaram. O bem garantidor é o imóvel do próprio hotel. "A gente não consegue levar a leilão porque o desembargador não deixa. O problema é do conhecimento de todo este Tribunal".
O excelentíssimo Desembargador, aliás, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Piauí,diante das acusações do empresário, segundo ainda o Portal 180 Graus, assim se pronunciou:
Em entrevista ao 180graus, o desembargador José de Ribamar Oliveira afirmou, nesta sexta-feira, dia 27, que ainda não sabe se vai ingressar com ação judicial contra o empresário Danilo Damásio. Ele disse que neste momento está preparando a sua defesa perante o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), diante da denúncia apresentada por Damásio, que o acusou, entre outras coisas, de prevaricação e tráfico de influência.
O desembargador afirmou que sentiu-se caluniado pelo empresário. Poderá ingressar com processo de reparação contra Damásio. “Ele (Damásio) está inconformado com despacho por mim concedido que sustou leilão de um imóvel no qual ele tem interesse. Tomei esta decisão por livre convencimento. Meu entendimento foi aquele.”
Ele disse ainda que não houve qualquer interferência de quem quer que seja, até porque não vê o empresário Jesus Elias Tajra há vários meses e não privaria com ele de nenhuma relação pessoal. Admitiu que realmente recebeu a visita do secretário de Segurança Robert Rios Magalhães, que foi lhe pedir para dar agilidade ao processo. “O secretário ficou chateado com as afirmações do empresário, já me telefonou e disse que vai depor em meu favor em qualquer parte.”
Oliveira ficou particularmente irritado com as acusações contra seus filhos, os advogados Ciro e Bruno Oliveira. Afirma que eles sequer andam no Tribunal de Justiça e que possuem apenas um processo em trâmite naquela Corte. “Meus filhos são jovens humildes, não usam roupa de grife, não costumam frequentar a vida noturna e, seguramente, não têm nenhuma ingerência sobre minha atuação como magistrado”.
P.S.: A foto do excelentíssimo Desembargador, e Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Piauí,José de Ribamar Oliveira, foi extraído do Portal GP1, da Coluna de João Carvalho, referida na postagem anterior.

Agora acontece?

Este blog cuidou, em postagem de 2008, outubro, 16, acerca da data de realização do Salão de Humor do Piauí. À época, tendo o Salão de Humor do Piauí como tema o Meio Ambiente, suscitei, na postagem mencionada, dúvida quanto à data de sua realização, ante a edições de cartazes do evento.
Vejo, agora, em matéria veiculada no Portal GP1, na Coluna de João Carvalho, que confirmada está a realização do Salão do Humor do Piauí para o período de 25 a 31 de maio próximo. Eis a nota, com sestro de coluna social:
O Salão Internacional de Humor do Piauí 2009, comandado pelo gente boa Albert Piauí (FOTO), está confirmado. Depois de passar o ano de 2008 em branco, as cores e os sons do salão voltam a encher de cores e sorrisos a cidade de Teresina, capital do Piauí. A 26ª edição vem com o tema Meio Ambiente, centro das atenções hoje em todo o mundo, e repleto de novidades. O 26º Salão Internacional de Humor do Piauí será realizado no período de 25 a 31 de maio de 2009. E se mantém como o evento de humor mais democrático do país, pois continuará a ser realizado em espaço a céu aberto que vai desde o Clube dos Diários, passando pela Praça Pedro II, Central de Artesanato, Avenida Antonino Freire, Palácio de Karnak, Igreja São Benedito, e ocupando o canteiro central da Avenida Frei Serafim até a Rua Coelho de Resende.
É de se esperar que Albert Piauí supere o obstáculo para realização de importante evento:grana.
P.S.: A foto de Albert Piauí integra a nota transcrita, sem identificação de sua autoria.

Rídiculo

Quem é caso perdido?

Quem, leitor deste blog, não sabe que sou visitante assíduo do blog do Kenard Kruel? E que nele, com certa frequencia, Kruel, com o propósito meramente provocador, menciona que não aguenta mais minhas postagens sobre roqueiros e as decorrentes da paixão pelo Fluminense Futebol Clube?
Longe de mim - como um dia quis fazer o Zé da Égua com o meu blog - querer imprimir uma linha editorial para o blog do Kruel. Afinal, ainda hoje defendo a tese de que o blog é pessoal e cada blogueiro publica o quer, e de seu modo, e quem não gostar do que foi postado não o acesse. Simplesmente, esqueça-o. 
Assim, por óbvio, apenas vejo com enfado o espaço que o Urso Hibernador destina ao  culto do barzinho Nós e Elis. E, claro, que continuo acessando o seu blog.

fevereiro 24, 2009

De e-mail para post

Carnaval, Carnaval


Eu vejo as pernas de louça
“Da moça que passa e não posso pegar
“Tô me guardando pra quando o carnaval chegar”
Chico Buarque

A bermuda de jeans e a camiseta verde. Calçou os tênis. Virou-se. Encarou o espelho. Penteou-se. Ouvia Don’t Let The Dragon Eat Your Mother, brother, de John McLaughlin.
José entrou no quarto.
José: — ‘Tamos no carnaval, cara!
Ele: — Eu sei.
José: — Então?
Ele balançou o corpo. Uma Gibson “The Les Paul” imaginária nas mãos ágeis.
José: — O problema é que não observamos as raí...
Ele: — Vamos.
Saem.
* * *
“REINADO DE MOMO
“PALÁCIO DA FOLIA
“Edito Real
“Sua majestade, Rei Zé Fortes, Primeiro e Único, no uso de suas intransponíveis e irrevogáveis transições legais
“Decreta
“Art. 1º - A partir de hoje reina a alegria e é revogada a tristeza.
“Art 2º - Os descontentes com o Reinado de Momo deverão ser confinados:
“a) nas praias de Luiz Correia ou Barra do Ceará;
“b) em Sete Cidades; e
“c) nas matas de Timon e adjacências.
“Art 3º - Nos clubes, todos devem pular, lépidos e fagueiros, juntos ou separados, porque a orientação do Rei é de que sem alegria não dá.
“Art 4º - Os condes e conselheiros do Reinado anterior considerem-se demitidos, pois no novo Reinado a bossa é nova.
“Art 5º - As coroas devem abdicar máscaras e soltar os en­xovalhos, uma vez que no atual Reinado toda mulher é boa.
“Art 6º - Fica abolido o preconceito à transação gay; afinal, todos são iguais no carnaval e nem sempre o saracoteio dos quadris homologa a placa.
“Art 7º - Os que saírem nas ruas, pensando ficar fora do trino momino, deverão ser seqüestrados e recolhidos ao Quartel General da Folia, na Avenida Frei Serafim, até a passagem do Trio Elétrico.
“Art 8º - Revogadas as disposições e indisposições em contrário, o presente Edito Real entra em vigor na data de sua publicação.”
(Jornal O Dia, edição de 21/22 e 23 de fevereiro de 1982, pág. 7).
* * *
Aqui Pegou.
18h15min.
José, ele, a menina de óculos e o cara de bigode de arame.
Três copos. Quatro garrafas.
José: — Quem é homem não anda assim.
Ele: — Tudo é brincadeira.
Menina de óculos: — Li depoimento de um psicólogo que dizia o carnaval permitir ao individuo externar seus sentimentos reprimidos, o que somente é possível durante os três dias desta festa orgíaca, pois nos outros dias a sociedade possui um papel castrador em face daquilo que ela entende por atitudes amorais.
Cara de bigode de arame: — É, quem é homem não se veste assim. Nem no carnaval.
Ele observou o voar assustado e trinados dos pardais sobre as árvores da Avenida Frei Serafim.
Blocos de sujos, animados, vão e voltam, vão e voltam.
Ele e José vêem um bloco: Unidos do Esculacho. Todos com túnicas.
Ele: — É o bloco dos artistas.
José: — Aquele cara ali é artista?
Ele: — É.
José: — Todos eles são artistas?
Ele: — Não. Alguns que somente são veados.
* * *
Uma garota, short de jeans e blusa com a inscrição Univer­sity of California, encostada num Corcel II.
Um cara de calça preta e camiseta no ombro, depois de observá-la por algum tempo, aproximou-se.
Cara de calça preta e camiseta no ombro: — Oi, Pussy.
Garota de short jeans e blusa com a inscrição Univer­sity of California: — Hem?
Cara de calça preta e camiseta no ombro: —Você é Pussy!
Garota de short jeans e blusa com a inscrição Univer­sity of California: — Você está enganado. Eu não sou Pussy.
César que não vem. O cara de calça preta e camiseta no ombro está bêbado. Cambaleia ao afastar-se da garota que chamara Pussy.
* * *
“Numa cidade que se pretende civilizada, a polícia não acode aos desditosos habitantes martirizados por alguns engraçados sem espírito que levam horas inteiras espancando peles dos zabumbas, quando as próprias é que deveriam ser escovadas, uma vez que a autoridade consente semelhantes exibições grotescas, inqualificáveis, dignas de zulus ou boçais.”
(Revista Rua do Ouvidor, de 27/01/1900, citada por Chico Alencar no artigo Acabou o carnaval (mas faz muito tempo), publicado em O Pasquim, edição de 25/02 a 03/03/1982, pág. 7).
* * *
Um corpo no chão. Ninguém lhe dá atenção.
* * *
Dançavam juntos, não dançavam? Por que, então, parou? Por que a olhou diferente?
A moça: — O que houve?
O rapaz: — Não devia estar com você
A moça: —Por quê?
O rapaz: — Você sabe.
A moça: — O telefonema?
O rapaz: — É
A moça: — Esquece, pô.
(— Fale.
— Talvez você já tenha percebido.
Pausa.
— Eu gos...
— Alô? Você está me ouvindo?
— ‘Tou, sim. Fale
— Eu te a...
— Olha, você é um cara legal. Mas a ...
— Continue.
Pausa
— A minha cor, né?
Pausa.
— A minha cor, né?
Afastara-se do orelhão Sumiu na noite.)
* * *
O moreno vestido como mulher e bucho forjado. Acompanhou-o à avenida o vizinho, sarará franzino de boca torta e piscar constante do olho direito.
O branco vestido com bermuda superestampada e camiseta azul, sem mangas. Saiu no Puma.
O moreno vestido como mulher e bucho forjado divertia-se, seguindo qualquer bloco.
O branco do Puma bebia no Coisa Fina; loura, sentada em suas coxas, vez em quando levava-lhe à boca um naco de carne.
O moreno vestido como mulher e bucho forjado suado quando o dente começou a doer.
O branco do Puma balbuciou qualquer coisa no ouvido da loura. Saíram.
Bêbado, com um litro de Mangueira na mão, deu um trago ao moreno vestido como mulher e bucho forjado.
O branco do Puma, com a loura, na pista da avenida, num e noutro bloco.
O moreno vestido como mulher e bucho forjado viu o branco do Puma e disse para o sarará franzino de boca torta e piscar constante do olho direito: — Aquele filho da puta me tirou o emprego e não me pagou direito.
O branco do puma espremia a loura com força.
O moreno vestido como mulher e bucho forjado, referindo-se ao branco do Puma: — Vou dá um pau nele!
Sarará franzino de boca torta e piscar constante do olho direito: — Deixa pra lá, compadre.
O branco do Puma continuava a espremer a loura.
O moreno vestido como mulher e bucho forjado disse: —Vamos esquecer.
O branco do Puma pisou no pé do moreno vestido como mulher e bucho forjado.
* * *
“Se as fantasias revelam, então o carnaval mostra um mundo invertido, onde o pobre pode ‘bancar’ o rico; e os donos do poder podem buscar uma aproximação como mundo dos homens, ‘bancando’ pobres. Entrevistas com pobres que desfilarem de ‘reis’ revelam esse êxtase carnavalesco, quando alguém pleno de anonimato social ganhou os aplausos, as atenções e os olhares de to­dos os segmentos sociais num desfile. Entrevistas com gente de classe média alta indicam precisamente o oposto: aqui, há um prazer — como o de um arquiteto de sucesso — de ‘pisar de pé descalço o asfalto da Avenida.’ (...) Quer dizer, eu continuo achando admirável que uma sociedade no final do século XX ainda continue a celebrar suas relações sociais utilizando essa regra de inversão e, assim fazendo, possa permitir e legitimar uma ‘troca de lugar’, ainda que essa troca seja burocratizada, controlada pelo Estado, fugidia e tenha data marcada. Porque, apesar de tudo, é uma troca que permite vivenciar e justiça e a igualdade, a liberdade, a vitória e a esperança. Esses ingredientes centrais de qual­quer transformação social concreta.”
(Fragmentos do artigo Carnaval: o verdadeiro milagre brasileiro, de Roberto da Matta, publicado em O Pasquim, edição de 26/02a 04/03/1981, pág. 5).
* * *
— É bicha.
— Não. É uma mulher.
— É bicha.
— Porra! É mesmo!
— Olha outra ali.
* * *
Primeiro uma chuvinha fina. Parara. Pouco depois, como da vez passada, espectadores à procura de abrigos. A maioria permaneceu na chuva
— É incrível, ouvintes. Nem a chuva que desaba sobre o centro da Cidade Verde consegue afastar os espectadores da Frei Serafim. A chuva aumenta cada vez mais o entusiasmo do folião. Dá mais gosto de se ver um carnaval assim.
* * *
Ele e José tinham deixado numa mesa do Aqui Pegou a me­nina de óculos e o cara de bigode de arame. Caminhavam lenta­mente. José não parava de falar. Ele viu a garota de short jeans e blusa com a legenda Univer­sity of California.
Ele: — Olá, gracinha.
Garota de short jeans e blusa com a legenda Univer­sity of California: — Pussy.
Ele: — Hem?
Garota de short jeans e blusa com a legenda Univer­sity of California: — Pussy. Me chamo Pussy. Ele fez sinal para José.
Garota de short jeans e blusa com a legenda Univer­sity of California: — Parece que ele se chateou.
Ele: — Um chato!
* * *
Locutor do Posto nº 2, da Secom:
— Atenção, Laura Maria. Atenção, Laura Maria. Sua mãe te espera aqui no Posto nº 2. Compareça o mais breve possível.
* * *
Quem não conhece o carnaval não conhece o Brasil, e quem não gosta de carnaval não gosta da alma brasileira. O carnaval ainda é feito pelo povo, já que a participação popular espontânea é maior que qualquer interferência dirigida, venha ela do poder público, de empresas privadas ou de qualquer pessoa diretamente interessada na festa. Essa manifestação espontânea é tão pode­rosa que mesmo durante as ditaduras impostas ao Brasil — do Estado Novo ao período pós-64 — conseguiu ser mais forte que a re­pressão. O povo continua dançando e cantando, porque para o povo brasileiro cantar é tão importante quanto sobreviver. (...)
“O morador do morro, quando encontra um vizinho no bar, não quer falar de suas desgraças. Prefere cantar sambas. Se tiver um pouquinho de sensibilidade, já faz um ritmo. Um pouco mais e improvisa em verso. Esse comportamento não morre com a ação de forças externas e garante a eterna sobrevivência do carnaval.”
(Albino Pinheiro, fragmento de O carnaval é eterno, revista Veja, nº 703, pág. 90).
* * *
José no bar.
Três garrafas vazias sobre a mesa. Pediu a quarta. Duas vezes levantara-se e fora ao banheiro. Fedorento.
Cerveja esquentando no copo.
* * *
Populares cercavam um corpo no passeio da Avenida Miguel Rosa, em frente à AFAL.
O assassino agiu rapidamente. O homem corria com dificuldade e Violeta, sóbrio, facilmente abateu-o.
Conjectura-se que tudo aconteceu por causa de uma puta chamada Margô.
Violeta, após matar o homem, tirou da bolsa uma gilete e começou a cortar-se, principalmente no antebraço esquerdo.
Desesperado, deixou a peruca cair.
* * *
As paredes desbotadas. Quase brancas. Cadeira de palha, bacia, jarra, penteadeira e cama.
Pussy virou-se. Encontrou-se diante de um homem que lhe sorria. Espantada, protegeu sua nudez. Levantou-se rapidamente. Vestiu-se. Abriu a porta. Saiu.
Na rua, duas senhoras, com terços e véus, caminhavam para a igreja.
O sol há muito fora parido.

fevereiro 20, 2009

Lenta agonia*


Recolhe-se ao quarto, lentamente. Dá duas voltas na fechadura, vai até ao banheiro. Alguns minutos se passam. Quando sai, deixa a torneira da pia aberta.
Arrasta-se até o espelho. Como sempre ocorre, há vários anos, não gosta do que vê. Mas não é exatamente isso o que mais lhe aperta o peito.
De volta, senta-se à beira da cama, põe os chinelos cuidadosamente um ao lado do outro, lê um trecho de um versículo qualquer do Apocalipse.
Minutos antes, ele foi até a janela, abriu um pouco as cortinas, olhou para a lua e percebeu que passava da meia-noite, os galos da madrugada já dormiam; mesmo assim, apurou os ouvidos, e, aliviado, constatou: nenhum canto prenunciando a manhã.
Agora, com um esforço desmedido, entrecerra os olhos. Quer ver o rio tinto cruzar por debaixo da porta antes que a bruma cinzenta se desfaça.



* Conto extraído do Confraria Tarântula, publicado em janeiro,10.

fevereiro 19, 2009

Onde encontrar Memória Cronológica, Histórica e Corográfica da Província do Piauí?


José Martins Pereira de Alencastre publicou, em 1857, o Memória Cronológica, Histórica e Corográfica da Província do Piauí. Sei que livro, há pouco anos, foi reeditado pela Secretaria de Educação e Cultura (Fundação Cultural do Piauí) - o Governo do Estado, por ocasião do 3º Salão do Livro do Piaui, em 2005, veiculou o seu lançamento.
Nunca o encontrei disponível para venda, e interessa-me muito tê-lo. Assim, se qualquer dos meus três leitores souber onde posso adquiri-lo, por favor, informe-me.

Navilouca

Para quem interessa, e pode, encontra-se à venda, em O Buquineiro, um exemplar da revista Navilouca, editada por Torquato e Waly Salomão e publicada em 1974, pela Gernasa, com trabalhos de Augusto de Campos, Torquato Neto, Waly Salomão, Décio Pignatari, Hélio Oiticica, Chacal, Lygia Clark, Caetano Veloso, Haroldo de Campos, entre outros. O exemplar custa R$ 525,00, com o frete grátis. Confira em Estante Virtual.

Sem palavras*

Ique

* Charge extraída do site JB Online.

fevereiro 17, 2009

Meteorito assusta moradores de cidade dos EUA*

Bola de fogo caindo do céu assusta os moradores do Texas, nos Estados Unidos. Autoridades identificaram o objeto voador como um meteorito.

A imagem do objeto em chamas foi capturada por um cinegrafista amador que registrava uma corrida na cidade de Austin. A bola de fogo caiu a alguns quilômetros de distância da multidão. Testemunhas disseram que ficaram desesperadas, porque pensaram que uma aeronave tinha explodido no céu. O Departamento de Aviação Comercial havia emitido um alerta depois da colisão do satélite russo com o americano na semana passada, pois existia um grande risco que os destroços caíssem na Terra. Mas segundo as autoridades, a bola de fogo foi um fenômeno natural. Mais precisamente um meteorito do tamanho de uma caminhonete.


* A matéria foi extraída do site da Band. O vídeo, agregado à matéria por este blogueiro, foi extraído do YouTube.

fevereiro 14, 2009

Reclame: Coca x Pepsi

Não me lembro desta publicidade, uma das peças da guerra entre dois refrigerantes colas, ter sido exibida por TVs brasileiras.

A inteligência petista*

título: habitado, ast, 150/130cm, 2009

Por Antonio Amaral

O que essa imagem tem em comum com kandinsky, maiakosvski ou soljenitsine, diria que muito pouco se não levasse em questão a representação da arte como objeto de discussão e reflexão para alguns temas. Aqui, oportunamente me ocorre o realismo socialista. Embora, essa pintura, penso eu, não comporte esse triste emblema, por isso esteja aqui, junto com esse insignificante discurso. Talvez por ter, essa tela, um apelo temático sobre habitação, tentei vendê-la a instituição ADH, antiga COHAB que depois de apreciada por seus membros, foi recusada, como seria de legítimo direito, pois não se trata de imposição, mesmo porque o fenômeno estético habita a relação entre sujeito e objeto, e a possibilidade de rejeição é perfeitamente compreensiva, fato não fosse a justificativa de lastimável pretensão. A imagem se trataria, na compreensão deles, de uma favela e que isso não ficaria bem e nem é o objetivo da empresa, como se a instituição fosse um templo onde certas imagens são maléficas. Penso na limitação estética de nossa esquerda, digo assim, porque sabemos que são homens de nossa esquerda ideológica que gerenciam a instituição, e esse é um comentário retórico típico desse pensamento. Quando kandisnk saiu da Rússia, fugia desse tipo de pensamento desse pensamento totalitário chamado realismo-socialista que tinha como ponto indiscutível a estética de seus artistas a serviço do regime. Fico imaginando como um equívoco assim sobrevive tanto tempo, mesmo depois de tanta demonstração de sua intolerância. Parece que de nada valeu o esforço de pensadores, até de sua própria corporação marxista, como Walter Benjamin, em tentar fazer seus patrícios compreenderem que a arte não existe apenas pela natureza semântica, temática, não é apenas conteúdo, existe o fenômeno estético, e este habita uma relação onde um dos elementos envolvido é o humano, portanto, emocional, sensorial não cartesiano e que a arte como natureza libertária não está a serviço de nenhum pensamento. Mesmo que essa imagem traga a força do tema, habitação, não traz o óbvio, respostas, soluções. A arte não responde, pergunta. Infelizmente o que queriam era uma ilustração da instituição, isso não fui e nem serei capaz de fazer.


* O título da postagem, registre-se, é meu, e, julgo, não se encontra dissociado do texto de Amaral., retirado de seu blog - o setcuia.

fevereiro 10, 2009

PT: 29 anos

O Partido dos Trabalhadores comemora, hoje, 29 anos de existência. A imagem que ilustra esta postagem lembra que a agremiação iniciou-se em época de regime de exceção. Não se reveste de qualquer vaticínio, como pode supor alguém, à prisão de ilustres petistas, por confundirem o público com o privado.

Que coisa!

O Procurador do Estado do Tocantins, senhor João Rosa Júnior, ganha projeção nacional. A TV Globo exibiu matéria em que o ilustre agente público revolta-se com a intervenção de policiais ao encontrá-lo dirigindo embriagado. Veja o vídeo, que extraí do blog de Josias de Souza, veiculado hoje:


fevereiro 09, 2009

Alanis Morissete em Teresina

É de Catharina Bastos, identificada no YouTube como cathyvieirab, o vídeo de Alanis Morissette interpretando, no show de janeiro, 28, no Atlantic City, Ironic. Ei-lo:


Há um castelo no meio do caminho...

A imprensa tem destacado o Castelo Monalisa, do deputado federal Edmar Moreira (DEM-MG), edificado no distrito de Carlos Alves, em São João Nepomuceno, Zona da Mata mineira, com as suas 8 torres, 36 suítes, 18 salas, piscina com cascata, fontes, espelhos d'água e 275 janelas. A ocupação deu-se depois de eleito o senhor Edmar Moreira 2º vice-presidente da Câmara dos Deputados, e, por conseguinte, assumir a Corregedoria da casa. Acusam-no de não ter inserido o tal castelo na declaração patrominial destinada à Justiça Eleitoral.
Há anos prensas ocupam-se do deputado e de seu castelo. Veja, por exe
mplo, em 1999, agosto, publicou matéria intitulada Vale do Loire? Não, Minas Gerais, assinada por Daniella Camargos. Ei-la reproduzida:

O dono chama-se Edmar Batista Moreira. Aos 59 anos, é um ex-capitão da Polícia Militar que, da noite para o dia, se transformou em empresário bem-sucedido e deputado federal. A dona é Júlia Fernandes, de 52 anos, nascida de uma família humilde. O casal é proprietário de um fabuloso castelo no interior de Minas Gerais. São 7.500 metros quadrados de área construída (maior que o Castelo de Neuschwanstein, nos Alpes da Baviera, que inspirou o castelo da Cinderela de Walt Disney), 32 suítes, dezoito salas, oito torres, 275 janelas, uma piscina com cascata, fontes e espelhos d'água. Fica no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes e 300 casas, no município de São João Nepomuceno, a 70 quilômetros de Juiz de Fora.

O castelo de Edmar e Júlia nasceu de um desejo dela. A mulher do deputado ficou enciumada quando um irmão de Edmar, Elmar, comprou a fazenda mais bonita da região. "Se eles têm a melhor fazenda, então eu quero um castelo", teria dito. O "capitão Edmar", como é conhecido, não poupou esforços e criatividade para superar o irmão. Estima-se que, em doze anos de obras, a construção tenha consumido 10 milhões de reais mais do que o preço de muitos castelos de verdade no interior da França. Agora, pronto em todo seu esplendor, o palácio serve de casa de campo para o casal passar os fins de semana e receber eventuais convidados. Entre eles lá esteve, em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco.

Entra-se no castelo dos Moreira por um enorme portão de ferro. De lá, uma sinuosa estrada de 4 quilômetros percorre o quintal de 8 milhões de metros quadrados e leva até a casa. Ao longo de suas curvas, postes metálicos sustentam luminárias e caixas de som. Das oito torres do castelo, a mais alta é a que abriga no topo a suíte do casal, com 110 metros quadrados. Tem 47 metros de altura, igual a um prédio de treze andares. Cada uma das 32 suítes conta com quatro cômodos: quarto, sala de estar, closet e banheiro. O castelo está equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica. Também possui uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 000 garrafas. As quase três centenas de janelas são feitas de madeira sucupira. As escadarias são de granito escuro.

Filho de um carteiro de Juiz de Fora e de uma professora primária, Edmar Moreira foi criado entre oito irmãos. Influenciado pelo pai, ingressou na Polícia Militar e chegou ao posto de capitão. Sua carreira militar foi interrompida por um episódio que escandalizou a sociedade juiz-forana. Em 1968, em uma festa de réveillon no Clube D. Pedro II, ao saber que um rapaz se havia engraçado com sua mulher, Moreira foi buscá-lo em casa. Ele obrigou o moço a entrar de pijama na festa, escoltado por policiais, e humilhou-o na frente de todos. Acusado de "abuso de autoridade", o capitão foi punido e afastado da ativa. Três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Com o diploma na mala, mudou-se para São Paulo, onde fundou uma empresa na área de segurança. Começou a enriquecer. Hoje tem três companhias no ramo. Segundo um dossiê elaborado por um desafeto seu e entregue anonimamente no ano passado à Polícia Federal e ao ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, o enriquecimento de Moreira foi turbinado por algumas falcatruas. O relatório garante que o ex-capitão não paga o FGTS de seus empregados e sonega imposto de renda, INSS e ISS. O dossiê revela ainda que suas empresas mantêm um endereço de fachada em Pilar do Sul, interior de São Paulo, para escapar da tributação da prefeitura paulistana. Procurado por VEJA na semana passada, o deputado recusou-se a conversar com a reportagem.

Moreira tem dois mandatos como deputado federal, o primeiro pelo PRN de Fernando Collor e o segundo pelo PPB de Paulo Maluf. Apresentou cinco projetos, um deles propondo aumento de salário aos policiais militares. Além do castelo, é dono de um apartamento tríplex no bairro de Higienópolis, em São Paulo, onde mora, de uma mansão no Guarujá, no litoral paulista, de outra em Coronel Pacheco, terra natal de Júlia, e de vários imóveis em Juiz de Fora. Nenhum dos imóveis, porém, é motivo de tanto orgulho e zelo por parte do deputado quanto seu castelo. O deputado não permite sequer que o fotografem. Os incautos que se aproximam para usar o monumento como pano de fundo de fotos de debutantes e noivas são expulsos das cercanias pelos seguranças e, com freqüência, têm os filmes confiscados. Quer dizer, na arquitetura o ex-PM Moreira se imagina um príncipe. No comportamento, age como coronel do sertão.

A foto do castelo é de Leonardo Costa/Esp.EM/D.A Press, extraída de Ouro Fino Online.