CADÊ?

fevereiro 05, 2011

Começou mal


Wellington Dias começou  mal no Senado. E nem falo do quadro que desenhou para a educação no Estado do Piauí, em seu primeiro discurso. Eis o trecho que quero realçar:
Sou da terra de muitos poetas, muitos artistas, muitas pessoas importantes, mas queria dizer de um deles aqui: Torquato Neto, um jovem que morreu com 23 anos de idade, mas deixou uma musicalidade destacada em nosso País, com muitas músicas, como Tropicália, Soy Loco por Ti, América e várias outras. E ele tem uma frase em uma música que resume fortemente aquilo que quero trabalhar aqui: “Eu só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”. 
Nunca, em tão poucas informações, alguém conseguiu errar tanto sobre Torquato Neto. O senador, de longe, superou até mesmo um festejado biografista do Anjo Torto - não, não me refiro ao autor de Torquato Neto ou A carne seca é servida. Com efeito, tendo nascido em 1944, novembro, 9, e morrido em 1972, novembro, 11, Torquato não tinha 23 anos quando se matou. Tropicália, ao contrário do que sustenta o ex-governador, não é do poeta piauiense, mas apenas de Caetano Veloso. É controverso que Torquato seja coautor de Soy loco por ti, America - atribuem-na a Gilberto Gil e Capinan. Ah, e, em Go Back, Torquato disse Só quero saber do que pode dar certo / Não tenho tempo a perder. O Eu, pois, é licenciosidade do senador.
O poeta certamente não iria gostar.


Fonte: Senado Federal



2 comentários:

EMERSON ARAÚJO disse...

Apesar de não acreditar no que veicula a doutrina espírita, Leonam, o Senador provocou uma série de descalabro sobre Torquato Neto que o compositor/poeta/jornalista talvez esteja em mal posição na sepultura querendo voltar pra consertar tanta asneira. Mas como diria, O Zé Doidinho de Oeiras, querer que Bancário fale sobre arte é querer demais, né? Que o Senador no próximo discurso seja mais contido, ou que não faça mais discurso nenhum. É melhor pra todos nós: piauienses ou não. Tenho dito!

M. de Moura Filho disse...

Discordo, poeta, do Zé que você invoca. Não vejo impropriedade em um bancário, ultrapassando finanças, falar de arte ou a fazê-la. O. G. Rego de Carvalho e Dodó Macedo, por exemplo, e para citar dois do mesmo Estado do senador, são craques em artes.
O senador, é fato, precisa ser mais cuidadoso em seus pronunciamentos.