CADÊ?

junho 11, 2008

O 6º SALIPI foi um sucesso, mas o autor piauiense continua tratado como bosta

O cronista tem o poder de registrar o cotidiano com construções poéticas. Assim, vejo, publicado nos blogs de Albert Piauí e de Kenard Kruel, que Danilo Damásio firma que, não obstante a precariedade das instalações do Centro de Convenções, o 6º Salão do Livro do Piauí transformou-o em lugar rico como o palácio indiano do Taj Mahal. Como não tenho, por sabedoria de Deus, veia poética, afirmo que o Salão do Livro do Piauí está sedimentado. É evento para muitos anos, e cada ano maior e melhor. Circularam e oraram, neste ano, muito mais celebridades do que no Salão do ano passado: Assis Brasil, Frei Beto, Geraldo Carneiro, Ignácio de Loyola Brandão, Márcio Souza, Salgado Maranhão, Sérgio Natureza, Thiago de Mello e Washington Novaes, entre outros. Timidamente que seja, o 6º Salão do Livro do Piauí ganhou feição internacional, com as visitas de Francisco López Sacha, autor de El Cumpleaños del Fuego, e Stephen Bocskay, autor da dissertação Vozes de resistência negra: enredos de Samba nos anos da ditadura (1964-85). Sabe-se lá o que a Fundação Don Quixote planeja para o próximo ano!!! Mas, imagino, tem plano mais ousado. Afinal, o Salão do Livro do Piauí entrou, definitivamente, no calendário de salões de livros do país. A Fundação Don Quixote está de parabéns. O evento foi um sucesso. De público, tenho certeza. De vendas, aposto. Em suma, já não se fala em UTI.
Não defendo, com o que registro em seguida, interesse pessoal. Não me vejo, por falta de talento, com projeção nacional, muito menos como escritor - tanto que vi como um avanço extraordinário ter este blog, tão rapidamente, mais de um leitor. Por outro lado, claro que me orgulha a projeção de Assis Brasil, Clóvis Moura, Esdras do Nascimento, H. Dobal, Mário Faustino e Torquato Neto, entre outros poucos. Vejo, em Teresina, escritores de talento que o brasileiro perde por não os conhecer - poucos, privilegiados, fora do Piauí, sabem deles. Por isso o meu entusiasmo com a notícia de que a Edições Bagaço, de Recife, lançaria meia dúzia de livros de autores piauienses. Bom, muito bom. E lá estava eu, prestigiando-os.
Mas eis que no sábado, dia 7, no 6º SALIPI, encontro um poeta publicado pela Edições Bagaço. E ele me conta que a edição de seu livro teve tiragem de trezentos exemplares!!! E que, para tal edição, a Edições Bagaço propusera contrato em que deteria o direito autoral da obra por dez anos.
As tiragens mais se assemelham a marketing da Edições Bagaço, se, de fato, todos os livros tiveram edições com trezentos exemplares. E barato. Afinal, disponibilizando o seu acervo para vendas, em um evento como o Salão do Livro do Piauí, atraiu o piauiense pelo simples fato de editar autores da terra. Os custos com o stand, suponho, devem ter sido, no máximo, reduzidos, uma vez que dividiu o espaço, além de uma fundação, com a Oficina da Palavra. Definitivamente, um bom negócio.
Reforça a tese o fato de que, no site da Bagaço, não se encontra, pesquisando, pelo menos até hoje, quaisquer dos livros de autores piauienses lançados no SALIPI. Pode ser que o site não tenha a atualização tão freqüente quanto deste blog.
Assim, ao que parece, infelizmente, não foi desta vez que Carvalho Neto, Cineas Santos, Elias Paz e Silva, Eneas Barros, Paulo Machado e William Melo Soares ultrapassaram os limites do Estado do Piauí. Uma pena. Até porque circula pelo Brasil tanta porcaria.
Nas circunstâncias, melhor é ser publicado e conhecido na aldeia. Kenard Kruel, com as vendas realizadas de Torquato Neto ou a carne seca é servida, durante apenas o 6º Salão do Livro do Piauí, que nos diga.


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