CADÊ?

novembro 05, 2008

Carta aberta de Chico Castro a Emerson Araújo II*

Fotos: Chico Castro, por Kenard Kruel; e Emerson Araújo, por este blogueiro.


Meu caro amigo Emerson

Se o SALIPI recebe dinheiro público (até aí tudo bem, é um dever do Estado cuidar da cultura), os organizadores têm o dever de ouvir a sociedade, no caso, os seus representantes culturais, quais sejam, os artistas, produtores de cultura e promoteres.
Aparentemente, o Salão é de reponsabilidade de um grupo de pessoas (Luiz Romero, Wellington Soares, Nilson Ferreira e Cineas Santos) que, a priori, fazem, discutem e analisam o evento. Certo? Errado. Quem decide tudo é o coronel Cineas Santos, um verdadeiro senhor da Casa Grande, que trata os seus amigos de geração como se fossem moleques da senzala, cabendo a estes apenas o acinte e o chicote do desprezo. É uma pena.
Posso até ser interpretado como um ressentido. E sou. Não tenho ressentimento quanto a assumir a minha condição de rejeitado. Afinal, é bom ser rejeitado.
Nunca me convidaram para o SALIPI e creio também que muita gente boa aí da província deserta (física e espiritual) nunca teve o nome cogitado.
Em compensação, fui convidado oficialmente pela Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro duas vezes (em 2003 e 2007), pela Feira Internacional do Livro de Havana (a segunda maior do mundo) e pela Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, além de muitas férias e eventos do gênero por este nosso belo país. Mas para o SALIPI, não.
Um dia meus filhos, curiosos, perguntaram-me: "Ué, pai, e o SALIPI"? E lhes disse: filhotes, o SALIPI é do Cineas"...
Eu acho o Cineas, sim, um cego. Ele se tornou um "intelectual" pela força e por uma imposição terrorista. Ninguém chega perto dele, tenho certeza, para que as pessoas não percebam o quanto é grande a sua ignorância. Não se trata de uma ignorância explícita, mas de uma falta de conhecimento que ele diz ter, e nunca teve, nem tem.
O Cineas não conhece a Literatura Piauiense, não conhece História do Piauí, tem um conhecimento modular da Literatura Brasileira, não conhece os clássicos da literatura universal, não sabe falar, nem entende os rudimentos do Latim, do Grego e do Hebraico... não conhece a produção teatral do Piauí...
Meu Deus, o que esse senhor sabe, afinal? Como pode então este Matuto de Caracol ter chegado ao posto em que chegou? Somente usando o argumento da força e não a força do argumento, suponho. E ainda: utilizando-se do medo que ele criou nas pessoas..."Lá vem o Cineas!!!!.. Então todo mundo se cala, vira o rosto para o lado, se esconde... Ele é o juiz, o dono da bola... a voz que faz calar todas as vozes...
No livro Os Donos do Poder, Faoro descreve muito bem este tipo. Lá, o escritor analisa a maneira como a elite brasileira se apropiou do bem público para fazer fortuna própria.
O Cineas, é claro, é uma pessoa honesta. Mas ele pega o dinheiro do contribuinte para fazer um evento, para depois tratá-lo como se fosse algo de sua propriedade, ou melhor, um bem de sua Casa Grande. É isso.
Tenho pena do Welligton Soares: um talento que se rebaixa aos caprichos desse velho senhor. Quanto aos outos organizadores, não os conheço, aliás, conheço-os mais pelos seus efeitos do que pelos seus feitos.

Um grande abraço, Chico Castro.

PS.: Faça as correções... O Kenard foi quem colocou carta aberta... eu apenas escrevi para você. Se quiser publicar, ponha mais fogo nessa fogueira.


* Postagem extraída do blog Kenard Kaverna: entre sem bater, em outubro, 29, e reproduzido no AirtonSampaioBlog,, em outubro, 30.

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