CADÊ?

novembro 05, 2008

O país dos petralhas em Brasília

Foto: Allan


Lá estava eu, em outubro, 28, depois de um dia cansativo de reuniões, na Livraria Leitura, no Shopping Pátio Brasil, em Brasília, à espera de Reinaldo Azevedo, para o lançamento de O país dos petralhas. Ansioso. Não pelo lançamento em si, mas pelo receio de que, como quase tudo neste país, o evento atrasasse. Afinal, meu vôo de volta para Teresina dar-se-ia por volta de 22h00min., horário local. Qual nada! Exatamente às 19h00min. o autor apresentava a sua obra, mencionando, inicialmente, que os artigos que compõem o livro foram selecionados entre posts veiculados em seu blog e trabalhos publicados em O Globo. Promoveu, em seguida, relato sobre suas experiências jornalísticas.
Confessou-se, depois, trotskista na juventude, e que, com 21 anos, desencantou-se com o socialismo. Refutou a tentativa da esquerda de equiparar a social democracia com o socialismo.
Azevedo justificou suas críticas ao Partido dos Trabalhadores. Firmou que o PT busca fulminar a democracia com iniciativas como a de criar o Conselho de Jornalismo, em que sindicalistas, que não conhecem redações de jornais, iriam avaliar os textos que poderiam ser publicados, e a de controlar toda a produção audiovisual do país, como TV e cinema. Tais propostas, avalia Reinaldo Azevedo, foram rejeitadas pela sociedade, e, por isso, não vingaram.
Lembrou, em outro momento, que a moral é individual enquanto a ética é coletiva. E a ética é que deveria estabelecer a convivência entre os contrários. Mas, sustenta, isso não ocorre com o PT. Deu como exemplo a propaganda eleitoral de Marta Suplicy, em São Paulo, em que apontava o seu adversário, Gilberto Kassab, de ser solteiro e não ter filhos, sugerindo uma possível homossexualidade. Logo uma defensora conhecida dos homossexuais, participante festiva de paradas gays.
O PT, segundo Reinaldo Azevedo, acusa-o de estar ganhando dinheiro em cima de Lula. Mas sustenta que é dinheiro honesto, e não de mensalões, dólares na cueca, etc. Dizendo-se contente com o sucesso do livro, afirma, irônico, que tanto os banqueiros quanto ele estão ganhando dinheiro com Lula.
Para encurtar, foi uma apresentação
inteligente, elegante, estabelecendo claramente a posição que tem, com coerência. Ao final, franqueou a palavra para os presentes, e aí extraiu elogios.
Depois de 1 hora, a sessão de autógrafos. Sempre simpático, conversou com cada um dos leitores. Lembrei-lhe que o amor ao Corinthians o une a Lula. Disse apenas que nem imagino como lhe é delicioso ver o seu time em campo. Pelo visto, Lula é, para Reinaldo Azevedo, também, um incômodo torcedor corintiano.
Retornando a Teresina, e antes de adormecer, fiz uma comparação da postura de Reinaldo Azevedo com o comportamento de alguns intelectuais deste filho do equador, que, tão virulentos, em alguns momentos, com o governo estadual do PT, não conseguem viver sem a burra pública. E, neste ponto, convenci-me que a direita é mais honesta do que a esquerda.

4 comentários:

Airton Sampaio disse...

Sempre foi, Leonam. A direita sempre foi menos hipócrita que a esquerda e menos desonesta que a falsa esquerda, essa aí de WD, AJM, AC, RS, AN, FI, JD, etc.

M. de Moura Filho disse...

Agora, amigo Airton, imagine alguns intelectuais, como escritores, produtores culturais, com seus discursos contestadores, independentes, espinafrando o governo estadual do PT enquanto se servem da burra pública. E não venham me dizer que o Estado nada mais faz do que sua obrigação em servir a esse povo.
Quanto honestidade intelectual!

Airton Sampaio disse...

São os Procustros (um dos filhos de Poseidon) e seu famoso leito, lembra-se? Para Procustro, não havia problema: era o corpo demasiado para a cama ou a cama demasiada para o corpo? Simples: No primeiro caso, corta-se o corpo para caber na cama ou aumenta-se a cama para caber o corpo; no segundo, corta-se a cama para caber o corpo ou estica-se o corpo para caber na cama. São assim, procustrianos, nossos intelectuais, inclusive os da Geração Pós-69 que, depois que o PT chegou ao governo, eu vi que nunca existiu. Geração de 1970 é rótulo mais honesto. Abração!

Unknown disse...

Devemos nos cortar a mão esquerda para não sofre na mão direita, pois meia posição não existe.