CADÊ?

dezembro 25, 2008

Cada um tem o bar que merece, Airton Sampaio


Airton Sampaio destinou-me comentário à postagem em que reproduzi, neste blog, dia 16, a sua Para mim, o Nós e Elis já foi tarde! Tal comentário, aliás, é postagem em seu blog, sob o título Carta aberta ao amigo M. de Moura Filho, publicada na segunda-feira, 22. Suscita, em resumo, que "um certo senhor das bandas de Oeiras (...) cometeu a canalhice de tentar descredibilizar um post do meu blog que vc reproduziu", ao (i) agregar "ao texto, sem mencionar a autoria, uma foto em que fez uma montagem de péssimo gosto que tem como legenda uma discussão que não propus, porque não sou um cafajeste nem um idiota"; e (ii) omitir "também o post scriptum que não apenas integra o texto que escrevi, mas é PARTE ESSENCIAL dele". Afirma, mais, que o mencionado senhor "Não deixou claro na 'proposta' que lançou de se falar sobre o Nós e Elis que só poderia haver depoimentos elogiosos, de preferência mitificadores e, portanto, deveria ter sido honesto e restringido as intervenções à sua patota de gênios", e que ele, Airton Sampaio, e Antônio Luiz estão "pagando um certo preço por não considerar aquele barzinho nada de mais além do que era: um mero barzinho", tendo sido, inclusive "ameaçado (...), que caso eu não parasse de 'inticar' com o Nós e Elis ia haver sei lá o quê...". Finaliza sustentando que a divergência quanto à dimensão histórica do bar Nós e Elis, "só porque três dúzias de caras pálidas que se julgam os gênios da Fazenda Piauí (o que, se verdadeiro, já seria muito pouca coisa) o frequentavam virou PROIBIÇÃO", provocando que lhe apresente, diante da qualidade artísticas de algumas expressões nacionais evocadas, a lista de gênios deste Filho do Equador.

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A fúria dos órfãos, digo, dos saudosistas do Nós e Elis para com os que dissentem da dimensão histórica desse barzinho, veiculada, notadamente, no site da Fundação Nogueira Tapety e no blog de Kenard Kruel, penso eu, não se restringe, Airton Sampaio, ao suposto grau de genialidade que alguns pensam ter. Quase todos os saudosistas do Nós e Elis, observe, pertencem a uma geração que, entre tantos assuntos de mesa de bar, naquela época, teciam planos (inexeqüíveis, certamente, por suas estaturas) para fulminar o regime militar vigente. E essas pessoas, via de regra, talvez por conta do sedentarismo democrático reinante no país por longo período, são reacionárias: os posicionamentos unicamente válidos são os seus, e quaisquer outros divergentes são repulsados virulentamente. Por isso, por exemplo, o senhor Antônio Luís Pereira, porque disse que o Nós e Elis não tivera a importância que tem sido apregoada, e que outros bares, como o Carnaúba, o Escândalo, o Carvalho, foram mais famosos, foi estimado, por um, como um velho decrépito e alcoólatra; e outro, após asseverar que o moço perdera a oportunidade de ficar calado, invocou, uma comunidade universal do Nós e Elis, recomendando, enfim, que se comportasse como um avestruz. Também por isso, um terceiro recusa-se em participar de projeto em que o seu texto - o Para mim, o Nós e Elis já foi tarde! - figure. Eu sei que a participação do músico, poeta e publicitário está assegurada, até porque, tenho certeza, não te interessa, está claro, esse projeto. Muitos deles, aposto, condenavam, com razão, o regime militar brasileiro, mas enalteciam, como enaltecem até hoje, a ditadura cubana, por exemplo.
Vi, Airton Sampaio, o seu texto - Para mim, o Nós e Elis já foi tarde! - no site da Fundação Nogueira Tapety, com a ilustração referida por você, mas sem qualquer legenda - suponho que ela existiu, quer porque mencionada no comentário que me destinou e que converteu em uma carta aberta em seu blog, quer porque citada em comentário do próprio senhor Joca Oeiras, no site da Fundação Nogueira Tapety, ao ser reproduzido e-mail seu, quer porque, no blog do Kenard Kruel, ainda que não em postagem sua, a legenda é impressa. Tem toda a razão para estar indignado. Com efeito, a montagem tecida pelo senhor Joca Oeiras, além de ser de extremo mau gosto, mais ainda quando legendada, divorcia-se da sua visão do Nós e Elis, e reflete parcialidade, incompatível com a coordenação de um projeto de pesquisa.
Se tão importante é o Nós e Elis, o projeto do senhor Joca Oeiras - a de coletas de depoimentos e de material iconográfico sobre o barzinho, que poderá resultar em livro - será tímido. Melhor seria
a reconstrução do Nós e Elis, no mesmo lugar, transformando-o, quem sabe?, em um museu, com reproduções, em cera, pelo menos, desses saudosistas. Em qualquer hipótese, sem o auxílio da arca pública, espera-se.
No tocante à genialidade a que você se refere, e ao decorrente legado cultural construído para o Estado ou o país, parece que cada um tem o bar que merece.

Um comentário:

EMERSON ARAÚJO disse...

Eu não aguento mais nem ler, ouvir falar neste "Nós e Elis", mas como todos têm o seu bar e falam dele, vou falar do meu também: "ACAUÃ"!