"Eu não quero alcançar a imortalidade através da minha obra. Eu quero tornar-me imortal não morrendo"
Woody Allen
Woody Allen
Mudei o número de meu celular e desfiz-me do telefone fixo. Foram providências, confesso, para me afastar de Aquiles, o Zé da Égua. Vacilei. Daria, pelo prefixo do telefone, para imaginar que era o Zé da Égua, largando a sua horta orgânica para me encher o saco. A certeza de que me livrei de Aquiles, pela forma rude como o tratara, desarmou-me. Atendi. E ele: "É o Aquiles. Não desliga, por favor." Manifestamente enfadado, perguntei-lhe o que queria. Perguntou-me se eu estava bem de saúde. Imaginou-me doente. Afinal, explicou, não tenho me dedicado tanto ao meu blog. Doentes, respondi, estamos todos. Ainda contrafeito, acrescentei que as obrigações do trabalho que me remunera, e, que por conseguinte, me sustenta, ampliaram-se neste final de ano, como, aliás, em todos os finais de ano. "Menos mal", ouvi-o dizer. Pensei: nossa, Aquiles é mesmo meu amigo. Depois de tudo que lhe disse, e como o tratei, ainda se preocupa comigo. Fosse eu... que se fodesse! Comovido, agradeci. Parece que notou alguma receptividade no meu obrigado. E sapecou: "Imagino que não esteja lendo o blog do Kenard Kruel. Ou não tem tido tempo para tecer algumas considerações sobre o que ele anda escrevendo acerca da Academia e do anseio de todos os escritores em integrá-la, inclusive mencionando o seu nome?" Não lhe disse nada. E pensei: lá vem Aquiles tentando, outra vez, que eu me indisponha com o Kenard Kruel. O meu silêncio pareceu-lhe autorizador para que continuasse: "Tá sabendo que o Rubervam Du Nascimento ficou puto com o Kenard Kruel porque ele afirmara que o poeta escondia o desejo da imortalidade, a acadêmica, e que o Kenard, em resposta, ratificou a afirmação, e acrescentou que também Airton Sampaio, J. L. Rocha do Nascimento, Bezerra JP, você, Emerson Araújo, Chico Castro, Adriano Lobão, Francisco Eduardo de Moraes Lopes, Élio Ferreira, Fifi Bezerra, Durvalino Couto Filho, Cineas Santos, Paulo Machado, Marleide Lins Albuquerque, Graça Vilhena, Beth Rêgo, Genu Moraes, Alda Caddah e ele, entre outros, também almejavam assentos na Academia Piauiense de Letras? O gesto de Kenard, sabe você, era o de provocá-los. Surpreendi-me com o seu silêncio."
(Eu havia lido, sim, a postagem. Sabia o que Kenard Kruel esperava, até porque, e ele não ignora, muitos dos nomes listados talvez aceitassem a imortalidade de que fala Woody Allen, a mitológica. Nunca a imortalidade decorrente do ingresso em uma academia. Aqui, neste ponto, vale lembrar João Guimarães Rosa. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, postergou por 4 anos a sua posse, e morreu 3 dias após tornar-se imortal. A resistência de João estava ligada ao medo da morte, o que, a rigor, afasta a imortalidade.)
"Alô? Alô?" Despertei da minha digressão, e pronunciei um simples hã. O bastante para Aquiles continuar. "E você acha que eu sou Zé da Égua, mané? Você diz saber o porquê de Kenard Kruel tanto veicular biografias de acadêmicos e não sabe a razão pela qual se aproxima tanto de petistas, integrantes, de alguma forma, do Governo do Estado. É a academia, ô mané. Com postagens tão ao gosto dos acadêmicos, ele conquista votos para ingressar na Casa de Lucídio Freitas. Com interações com os petistas, conquista o fardão. Não sabe pensar, ó Zé Mané?"
(Meu Deus, quanta maldade! É verdade que o Kruel tem manifestado o desejo de se tornar imortal, e que as postagens referidas por Aquiles certamente ajudam a pavimentar a sua caminhada rumo ao Mausoléu, digo, à Academia Piauiense de Letras).
Perguntei-lhe que estória era aquele de Kenard Kruel, com a aproximação dos petistas no poder, conquistar o fardão, enquanto que, com o blog do Urso Hibernador aberto, pesquisava sobre a mortalha acadêmica. E ele: "Ô, Zé Mané, não tem visto mesmo o blog do Kenard, né? Procura a postagem Ausências inexplicáveis, e está lá o Kenard dizendo que na posse dele, com o fardão doado pelo governador Wellington Dias, vocês, do Tarântula, estarão na primeira fila, prestigiando-o em sua posse na Academia Piauiense de Letras."
(Tinha visto a postagem, mas não me lembrava do sonho de Kenard).
"Se isto acontecer, entro com uma ação popular." Não lhe disse nada. Fez-se silêncio. Imaginei que queria que o apoiasse. E aí ele emendou: "Tá sabendo que o Emerson Araújo tá te sacaneando ao insinuar que você quer fazer companhia ao Kenard Kruel na Academia Piauiense de Letras?" Então disse ao Aquiles, possesso por querer me indispor também com o Emerson Araújo, que fosse à puta que o pariu, e atirei o celular contra a parede...
(Eu havia lido, sim, a postagem. Sabia o que Kenard Kruel esperava, até porque, e ele não ignora, muitos dos nomes listados talvez aceitassem a imortalidade de que fala Woody Allen, a mitológica. Nunca a imortalidade decorrente do ingresso em uma academia. Aqui, neste ponto, vale lembrar João Guimarães Rosa. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, postergou por 4 anos a sua posse, e morreu 3 dias após tornar-se imortal. A resistência de João estava ligada ao medo da morte, o que, a rigor, afasta a imortalidade.)
"Alô? Alô?" Despertei da minha digressão, e pronunciei um simples hã. O bastante para Aquiles continuar. "E você acha que eu sou Zé da Égua, mané? Você diz saber o porquê de Kenard Kruel tanto veicular biografias de acadêmicos e não sabe a razão pela qual se aproxima tanto de petistas, integrantes, de alguma forma, do Governo do Estado. É a academia, ô mané. Com postagens tão ao gosto dos acadêmicos, ele conquista votos para ingressar na Casa de Lucídio Freitas. Com interações com os petistas, conquista o fardão. Não sabe pensar, ó Zé Mané?"
(Meu Deus, quanta maldade! É verdade que o Kruel tem manifestado o desejo de se tornar imortal, e que as postagens referidas por Aquiles certamente ajudam a pavimentar a sua caminhada rumo ao Mausoléu, digo, à Academia Piauiense de Letras).
Perguntei-lhe que estória era aquele de Kenard Kruel, com a aproximação dos petistas no poder, conquistar o fardão, enquanto que, com o blog do Urso Hibernador aberto, pesquisava sobre a mortalha acadêmica. E ele: "Ô, Zé Mané, não tem visto mesmo o blog do Kenard, né? Procura a postagem Ausências inexplicáveis, e está lá o Kenard dizendo que na posse dele, com o fardão doado pelo governador Wellington Dias, vocês, do Tarântula, estarão na primeira fila, prestigiando-o em sua posse na Academia Piauiense de Letras."
(Tinha visto a postagem, mas não me lembrava do sonho de Kenard).
"Se isto acontecer, entro com uma ação popular." Não lhe disse nada. Fez-se silêncio. Imaginei que queria que o apoiasse. E aí ele emendou: "Tá sabendo que o Emerson Araújo tá te sacaneando ao insinuar que você quer fazer companhia ao Kenard Kruel na Academia Piauiense de Letras?" Então disse ao Aquiles, possesso por querer me indispor também com o Emerson Araújo, que fosse à puta que o pariu, e atirei o celular contra a parede...
2 comentários:
Leonam,rapaz, a companhia telefônica agradece por tamanha violência, eu ein!
leonam, por isso vocês não atende minhas chamadas. deixa estar! quem com ferro fere com ferro será ferido.! no sairema acertaremos as diferenças. pode vir de poesia que irei de conto. beijos, aliás, sem beijos kenardianos.
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