CADÊ?

dezembro 16, 2008

Para mim, o Nós e Elis já foi tarde!*


Agora deu, parece que por exigência de um senhor lá de Oeiras, um inexplicável surto de saudosismo sobre o Bar Nós e Elis.
Ninguém olvida que o Nós e Elis foi um ponto erótico-cultural de teresina dos maravilhosos anos de 1980 (se é pra ser nostálgico, também vou ser: era jovem, saudável e podia beber todas!). Mas devagar com o andor do oba-oba: nem tudo no lugar era magia. O dono, por exemplo.
Jamais me esquecerei de que, por insistência do José Pereira Bezerra, hoje Bezerra JP, a coletânea de contos Vencidos foi lançada ali, em 1987. Duas grandes merdas, então, ocorreram: a atitude pouco profissional do Paulo Gutemberg de perder as fotos do evento, as quais passou a noite tirando, e a grossura alcoólica do sr. Elias Prado Júnior. Embriagado a não mais poder, o DONO do bar se APODEROU (não fora convidado a falar) do microfone e fez um discurso contra o meu discurso porque, segundo as palavras etílicas dele, eu não sabia vender livro. Ainda hoje não sei, mas o engraçado é que a meta era vendermos, naquele lançamento, 50 exemplares e, surpresa!, vendemos 70.
No Nós e Elis depois daquilo só pus os pés quando, felizmente, mudou de dono. Então namorei, bebi, ouvi boas e MÁS músicas, joguei conversa fora... Afinal, não havia mais o perigo de um grosseirão empaturrado de uísque e Leonel Brizola vir encher o saco, valendo-se do nobre princípio da propriedade privada que, somente em discurso, mas somente em discurso mesmo, combatia.
O Nós e Elis, para mim, não tem, pois, essa aura tão decantada. E se no lugar dele há agora uma padaria, ou farmácia, ou açougue, c´ést la vie. Saudade, repito, até tenho da época, daquele tempo de cabelos ainda não grisalhos e saúde de ferro em que médicos me eram figuras distantes, quase mitológicas, mas do bar... Sinceramente, o Nós e Elis, para mim, já se foi tarde!
P.s. Antes que os politicamente corretos me venham lembrar que o sr. Elias Prado Júnior não está mais entre nós, sugiro que leia o marcador desta postagem.

* Postagem extraída do AirtonSampaioBlog, veiculada em dezembro, 11. O marcador da postagem, no original, é A morte é uma merda..

Um comentário:

Airton Sampaio disse...

Leonam, um tal de Joca Oeiras, que nunca vi mais gordo, cometeu a canalhice de tentar descredibilizar este comentário que vc reproduziu (aliás, o único que o fez com correção e ética), usando os seguintes recursos da mais lamentável vileza:
a) agregou ao texto, sem mencionar a autoria, uma foto em que fez uma montagem de péssimo gosto que tem como legenda uma discussão que não propus, porque não sou um cafajeste nem um idiota (veja o absurdo no sítio http://www.fnt.org.br);
b) omitiu também o post scriptum que não apenas integra o texto que escrevi, mas é PARTE ESSENCIAL dele;
c) não deixou claro na "proposta" que lançou de se falar sobre o Nós e Elis que só poderia haver depoimentos elogiosos, de preferência mitificadores e, portanto, deveria ter sido honesto e restringido as intervenções à sua patota de gênios;
d) eu e mais um outro rapaz, chamado Antônio Luiz, que infelizmente não conheço, estamos pagando um preço alto por não considerar aquele barzinho nada de mais além de um mero barzinho.
d) Cheguei a ser ameaçado, como se disso eu tivesse medo, que caso eu não parasse de "inticar" com o Nós e Elis ia haver sei lá o quê... Ora, "inticar" com um barzinho que de repente ficou grande além da conta só porque três dúzias de caras que se julgam os gênios da Fazenda Piauí (o que já seria muito pouca coisa) os frequentavam virou proibição! Por isso mesmo a nossa miséria cultural, pois não se pode divergir nem de "artistas" que na verdade são mesmo é notórias mediocridades, vendidas como se gênios fossem, e olha que sei bem do que estou falando! Eu, a esses, eu não os tenho como nada, bem como não quero que me tenham também como alguma coisa (até porque nada mais fiz do que escrever uns continhos, isso mesmo, continhos), do mesmo jeito como eles nunca escreveram, salvo honrosas exceções, e bota exceção nisso!, nenhum poema ou música ou pintura ou peça teatral ou o que seja que fiquem em pé. Qual o então gênio que existe nessa patota, só um? Paciência! É preciso ter clareza que o Brasil, sim, o Brasil tem um só prosador (Machado de Assis), um só poeta (Carlos Drummond de Andrade), um só dramaturgo (Nelson Rodrigues), um só cantor (Elis Regina), um só compositor (Villa-Lobos), um só jornalista (Carlos Castelo Branco), um só ator (Procópio Ferreira), uma só atriz (Bibi Ferreira), nenhum cineasta, nenhum bailarino, nenhum artista plástico, nenhum... Isso, caras pálidas, que porventura me lerem, falo do Brasil. No Piauí somos, quando muito, medianos, e olhe lá! Então, seria melhor baixarmos a bola que oba-oba vazio é troço que não se sustenta... Só somos grandes se a unidade de medida for menor, bem menor, que as que citei: eu comparado a Dalton Trevisan, um contista mediano, sou o que mesmo? Que romancista piauiense atinge sequer o tamanho de um Lúcio Cardoso, outro mediano? Dá para encarar Tarsila do Amaral, na sua medianidade, com qual artista plástico do Piauí? Gênios? Onde estão os Gênios da Fazenda Piaui? Devagor com o andor, caras pálidas, devagar com o andor antes que caiamos, de vez, num buraco sem fim chamado rídiculo. Fico por aqui aguardando me apontarem, com seriedade e sem molecagem, não os medíocres (no sentido etimológico do termo), que às vezes até eu sou, mas os gênios da raça da Fazenda Piauí. Cadê os gênios da da raça da Fazenda Piauí?Ao rídiculo, pois, caras pálidas! Leonam, um abração...