CADÊ?

setembro 09, 2008

Fui vencido...*

Ilustração sem crédito.


Por Emerson Araújo

Para Mônica Almeida


Não tem mesmo jeito, foi-se vencido por esta insistência agradável, de voz cálida, resignada como o beija-flor que se conseguiu enxergar ainda neste adeus de final de tarde, nesta segunda-feira que teima em ser de setembro em todos os telhados.
A bonequinha de porcelana com odor de jasmim está partindo mais uma vez e a saudade pesa nesta dor, nesta asa de pensamento que só tem o rompante de ser duro em pedra de areia movediça. Reconhece-se, agora, que há um homem em apuros, que não quer entregar o cálice de vinho, que ainda tenta segurar as últimas e frágeis pétalas da orquídea. Mas não tem jeito, nem malabarismos verbais que a vença. Dá-se por vencido, é verdade, para não se tornar mais nulo. Está à disposição para viver a intensidade que será proposta numa manhã, tarde, noite onde os dados serão manipulados nos labirintos construídos sob as bênçãos dos corpos em efusão, em convulsão.
O perigo ronda, mais não haverá mais nenhum legado de receios das causas possíveis, nem do desafio posto no olhar de gueixa que se diz louca no primeiro, em todos os toques ofertados. Mas a ausência tem deixado tantos apuros e enormes. Não há horizontes quando há sumiço, nem os arco-íris que foram postulados neste plantão inquietante de solidão e lágrima contida. Breve haverá consolo, será tempo de refrigério e poderá estender ainda mais estrelas e odores, veredas e soluços em fogo abrasador.
Mas a bonequinha de porcelana com odor de jasmim acabou transformando o cativo e, a partir de hoje, se temerá mais em querer implantar a palavra desprovida de nexo e as acusações vis de um desesperado impregnado de ausências e secretos silêncios. Será tempo de siglas e paixão e reconhecimento que ainda haverá tempo de se acreditar que todos os sentimentos possam ultrapassar o lugar comum de uma convenção, de uma imposição adversa.
Agora está difícil o equilíbrio neste fim de tarde, neste fim de tudo porque ainda ressoa nos ouvidos a frase lapidada, a declaração bilateral dos apaixonados em festa de todas as causas que se quer montar em tempo hábil.


* Postagem extraída do blog de Emerson Araújo, veiculada ontem.

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