CADÊ?

julho 17, 2008

Até que a morte os separe*

Chegou em casa com um misto de So Pretty, da Cartier, e Z, de Ermenegildo Zegna. O timbre da voz, percebeu logo, não era o comum. Nem a pauta:
— Demorei porque encontrei a fulana.
As narinas vibraram silenciosas. O Z não era feminino. Tampouco fulana era uma desmiolada: nunca usaria um perfume masculino.
Quem lhe teria tocado com patchouli? A percepção, ainda que não sentisse aroma diverso da que usava, era de quem, se não o traíra, fodendo, estivera flertando. O pigarro, quando detestava cigarro, indicava a mentira, ou, no mínimo, o desconforto.
— Você agora usa Z?
— Tá louco?
Vagabunda, murmurou, tateando o caminho rumo ao quarto. Retrucou, em sussurro, filho da puta.
E foram dormir.




* Publicado hoje na Confraria Tarântula.

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